São 6h38 da manhã, ainda que o sol não tenha dado o ar da graça. Estou rolando na cama pelo menos desde as 5h. Também durmo invariavelmente antes das 19h30: consequênica de uma diferença de fusos de 5 horas entre Braga e Toronto.
Cheguei ao Canadá na última quinta feira, depois de semanas turbulentas em Portugal. Muita coisa pra fazer num espaço de tempo decididamente curto. Uma ligeira escapade à Paris – de onde cheguei dois dias antes de embarcar para Toronto -, tornou minha preparação (física e psicológica) praticamente inexistente.
Foi assim, com a cara e a coragem que deixi minha nova vidinha do lado de lá do oceano para dar uma espiadela no que a vida promete por aqui e só o que posso dizer é que estou ainda mais confusa do que pensei que poderia ficar. Em primeiro lugar porque Toronto não é Montreal: sei que ainda não circulei muito pela cidade ontariana, mas não é so a língua que faz delas dois lugares completamente diferentes. Em segundo lugar porque da primeira vez que estive aqui era verão, e agora estamos no fim do inverno. Tenho até tido sorte: passei mais frio no meu fim de semana na França do que em Toronto até o momento.
Estou instalada num quarto alugado via AirBnB. Como alguns já sabem, não vim para ficar de vez. O ano letivo português me obriga a voltar para a terrinha o mais rápido possível e esse rápido se concluirá na segunda-feira de Páscoa. É, vocês não leram mal, não. Por aqui (em Toronto) tem segunda-feira de Páscoa, mas fiquei coma sensação de que é num feriado ‘opcional’.
Bom, vou ficar um mês, mas e a+i, pode mesmo sair do Canadá e voltar depois, sem problemas? Sim, pode. E tem duas maneiras de fazer isso de consciência limpa, sem infringir regra nenhuma. A primeira delas é entrar e sair do país e deixar para fazer o PR Card quando voltar. Neste caso, como vc já terá utilizado a única entrada concedida pelo visto de imigração, você precisará pedir uma espécie de visto de reentrada, o Permanent Resident Travel Document (PRTD). Isso também vale pra quem perdeu o PR Card numa viagem ao exterior ou cuja validade do cartão tenha expirado e o novo cartão não tenha chegado antes de sua saída do território canadense.
A outra possibilidade é aquela com a qual eu estava contando antes mesmo de saber que era possível: pedir para um amigo receber seu PR card e enviar ara você por correio. Essa, aliás, foi a sugestão do immigrantion officer ainda no aeroporto, quando abri o jogo e expliquei que precisaria voltar para Portugal no início de abril. Basicamente, ele perguntou se eu conehcia alguém no Canadá e se eu não queria utilizar o endereço desses conhecidos para receber o cartão, já que este levava em média dois meses para ficar pronto. Dois dias depois, no Newcomer Settlement do YMCA, o profissional que me atendeu deu a mesma sugestão. Enfim, foi isso mesmo que fiz. Só estou agora na pendência de enviar os documentos de processamento urgente para Halifax (eles não fazem isso no landing, é preciso encaminhar por correio), o que não deve passar de hoje.
Sobre o landing. Eu cheguei num vôo vindo da França (não havia vôo direto do Porto, então fiz escala em Paris) e talvez por isso não tivesse praticamente ninguém para o landing, ainda que houvesse muita gente entrando no país e, portanto, passando pelo controle de passaportes. O aeroporto é grande e a fila do controle por auto-atendimento era imensa, mas ágil. É, até quem está imigrando como residente permanente passa primeiro pelo auto-atendimento. Ali você escolhe sua categoria de entrada (visitante, residente permanente, trabalhador temporário, etc), tira uma foto (onde as olheiras parecem ainda mais evidentes por causa da luz forte) e pega um ticket. O meu estava marcado com um X, que fez com que, ao me dirigir para buscar as bagagens, eu fosse redirecionada para uma sala lateral, com vários guichês, para fazer o famoso landing.
Então, o agente de imigração pediu o COPR, meu passaporte, perguntou as mesmas informações que estavam na minha folha, anotou outro tanto de coisa a caneta, me fez assinar mil vezes (mentira, foram só três vezes em cada folha) e perguntou se eu queria fazer o pedido do PR Card mais tarde ou naquele momento. Não pediu comprovantes de local de alojamento nem extratos bancários. Foi mesmo só o COPR e o passaporte. Eu estava sozinha, então foi absurdamente rápido, não deve ter durado mais de 15 minutos.
Foi tão rápido que me surpreendeu e eu fiquei sem saber muito bem o que fazer, pois tinha combinado de entrar no apartmento bem mais tarde. Aproveitando o wi-fi do aeroporto, escrevi para minha anfitriã e combinamos um horário melhor para ambas. Pensei em pegar o transporte público, mas o cansaço, o peso das malas e a falta de orientação especial (não conseguia encontrar a entrada do trem), me empurraram para o taxi. A corrida até downtown Toronto custou 55 dólares.
Nos próximos dias comento sobre o Newcomer Settlement, os Language Assessment e o SIN Number, assim como as minhas primeiras impressões sobre a cidade.
Au revoir. Ooops, see you later!