Viajar ao Québec era uma intenção nossa muito antes da imigração. Minha porque tinha estudado francês na faculdade e sempre ficava feliz de poder desenterrar a língua; dele porque sempre gostou de viajar para destinos considerados “estranhos” pelos outros. Assim, como turista mesmo, desbravando o mundo sem muito jeito de desbravador, haja vista que a cada nova viagem, mais damos valor a cama confortável, banheiro decente e amenidades quaisquer (obviamente, desde que a gente não tenha que vender a mãe em troca, senão o velho e bom albergue ainda serve). Mas dois anos atrás um amigo próximo foi a Montreal, um pouco por sugestão nossa, e voltou dizendo que não tinha menor graça, etc, etc, etc. Sim, foram muitos etceteras que nos desanimaram. Assim, nesse meio tempo fomos algumas vezes ao Estados Unidos, eu voltei à França sozinha, conhecemos um pouquinho da América do Sul, mas o Canadá, este ficou relegado a segundo plano.
Então apareceu essa coisa da imigração. E nós também fizemos uma viagem juntos com esse amigo e percebemos que os gostos dele não eram exatamente os mesmos que os nossos. E um outro amigo, que vive há vários anos em Vancouver, veio contar uma história diferente sobre Montreal, Québec e seus arredores. Mas nada nos preparou para a realidade: estar ali, com ele (que só chegou quando eu já estava quase indo embora), fez com que eu me apaixonasse: c’est vrai, mes amis, j’suis tombée amoureuse de Montréal.
E o que tudo isso tem a ver com o TCF? Tem a ver que, inicialmente, a viagem tinha o único intuito de me deixar à vontade para as provas orais. Acho que deu certo. Sai de Montreal no sábado à tarde e cheguei à São Paulo no domingo de manhã. Passei o dia fazendo simulados do TV5 para me preparar para o listening, obtendo resultados que variavam entre o 67 e o 100%. Na grande maioria, obtive pontuação acima dos 80%. Hoje, me senti tranquila respondendo à prova de compreensão oral, ainda que, no fim, quando já tínhamos terminado a prova, eu tenha olhado sem querer o gabarito do rapaz sentado ao meu lado e as respostas dele parecessem completamente diferentes das minhas. O teste é praticamente idêntico ao da TV5, com a diferença de que são 29 questões em vez de 15.
Acho que me sai melhor na prova de expressão e o que acabou me ajudando foi encontrar uma colega do Senac, que tinha vindo fazer o TCF para obtenção da nacionalidade francesa (ela é casada com um francês). Ficamos conversando sobre várias coisas enquanto esperávamos ser chamadas e isso fez com que eu não ficasse ansiosa.
A prova em si foi tranquila, dividida em três etapas. Na primeira a gente se apresenta e o entrevistador faz uma ou outra pergunta. No meu caso, acho que falei tanto que ele só fez uma pergunta e eu nem lembro qual foi. Na segunda parte, era minha vez de perguntar. Tive dois minutos para me preparar e o tema era mais ou menos assim: o meu entrevistador trabalhava num centro esportivo e eu deveria fazer perguntas diversas sobre as aulas disponíveis, os horários, o preço, etc. Ele ia respondendo e, às vezes, eu pegava um gancho da resposta para continuar perguntando; outras, simplesmente perguntava algo que não tinha nada a ver com a resposta anterior. Não achei ele muito preocupado com o tempo. Ele me disse que eu precisava fazer perguntas durante 4 minutos, mas não sei se durou tudo isso. Finalmente, na minha última questão eu deveria me posicionar sobre um tema e tentar convencê-lo a concordar comigo. O tema era meio besta: se eu achava que a internet facilitava a vida das pessoas. Foi a parte em que me enrolei mais, porque repetia muito os argumentos e tal. De qualquer maneira ACHO (espero!) que consegui garantir o B2, mesmo que tenha sido ali no limite com o B1.
Sai tão tranquila da prova que resolvi me testar mais uma vez e marquei um novo teste de nível na Aliança Francesa. Resultado: pulei de um B1.3 em abril para um C1.2 esta tarde. Não poderei fazer o curso porque as turmas da noite já estão lotadas, mas, mesmo assim, sai feliz. Confiante. 🙂
PS: Infelizmente, o resultado oficial do TCFQ só em 21/09.