Et…

…ça n’a pas marché (acho que consegui baixar a minha nota na prova de expressão oral).

O TEF deveria se decidir: eles querem medir nosso francês ou nossa capacidade de improvisação?

One day

Coucou!

Ça fait longtemps que je n’écris pas ici. Da última vez, eu falava em mudar de província, de tentar ir como estudante, de tentar, tentar, tentar… Algumas coisas mudaram de lá pra cá… As vagas no Express Entry aumentaram (e bastante), mas a nota de corte não baixou tanto assim. O Québec encerrou o período de inscrições para trabalhadores autônomos (que tem uma fila de espera de mais de três anos, pelo que pude ver) e  minha vida particular, em especial o lado profissional, teve altas quedas de braço. New Brunswick nunca me deu resposta. Acredito que o fato de ter uma nota “baixa” na expressão oral do TEF tirou todas as nossas chaces de entrar no programa dos francófonos. O namorado está esperando a virada do ano pra fazer IELTS e ECA, visando primeiro a reabertura dos trabalhadores autônomos no Québec e, depois, se não der certo, pelo EE.

E então como ficamos?

Nós nos demos um tempo (não um do outro, mas do processo). E como esse tempo foi bom (ao menos para mim).

Há algum tempo eu vinha tentando decidir se deveria prestar novamente o TEF. No caso, só as provas facultativas. O fato é que saí bastante abalada do último exame, procurando mil e uma justificativas para o meu desempenho aquém do esperado. Saí de férias no final de outubro e respirei novos ares. Não fui a New Brunswick, como pensei em fazer. Fiquei apenas em Nova York, caçando bugigangas para o sobrinho que está prestes a nascer e pensando no futuro. De lá mesmo resolvi minha inscrição: ia tentar mais uma vez, a última, mas desta vez iria me preparar corretamente.

Pus na cabeça que os meus bons resultados de 2015 foram fruto da imersão em língua francesa. Só que era impossível fazer uma imersão agora, em especial, porque eu tinha que voltar a trabalhar. Eu não tinha gostado da experiência com a professora particular, então, a única coisa que me passava pela cabeça, era mergulhar num curso intensivo, mesmo que de um nível mais baixo, como o B1, de forma a ficar exposta o máximo possível à língua francesa.

É óbvio que a ideia não deu certo. Não existiam turma começando na segunda quinzena de novembro em nenhuma escola, muito menos em ritmo intensivo como eu queria. Eu precisaria procurar um professor particular. O google me ajudou nessa brincadeira e, no mesmo dia, recebi umas três respostas entre escolas e professores autônomos. Acabei me decidindo por uma das escolas, pois foi a que chegou mais próximo do que eu gostaria de fazer.

Em comparação com a experiência anterior, acredito que fui bem mais objetiva. Ninguém conhece o TEF. As escolas estão acostumadas a preparar seus alunos par ao DELF ou o TCF, e por mais que os exames sejam parecidos, eles não são iguais. eu achava que o TEF era mais rigoroso que os demais, hoje, depois de duas semanas de aula com professores variados, cheguei à conclusão de que era eu quem me cobrava de menos.

Não me entendam mal. No ano de 2015, passei de gaguejar em francês a um diploma do DALF. Minha compreensão do francês cresceu num nível que eu não podia sequer imaginar no início daquele ano, e isso tudo criou um monstro. Basicamente, eu tava me achando a última bolacha do pacote, praticamente uma francófona e a grande verdade é que eu ainda estava (e estou) muito longe disso. Para piorar, em 2016 eu deixei de fazer as aulas regulares que fazia em 2015 e a uma hora semanal de aula particular com a professora de Québec dois meses antes do TEF não foram  suficientes para manter o nível conquistado no final do ano anterior. Principalmente na expressão oral que depende sobretudo da prática.

Assim, eu queria simular uma imersão. Fui explícita no meu pedido: quero aulas todos os dias, mesmo que o tempo de prática seja mais curto. Quero que as aulas me preparem para fazer perguntas (primeira parte do TEF) e para convencer alguém de um determinado ponto de vista (segunda parte do TEF). Quero que sejam temas atuais, variados. Quero expandir vocabulário e, principalmente, quero que me corrijam. Por qualquer coisa. Pela minha entonação, pelo meu sotaque, pelo uso errado da gramática. Pode apontar o dedo mesmo, pode mostrar que eu não sou tão boa assim, pode mandar bala.

E as primeiras aulas foram terríveis, mas não pela aulas em si. Nestes quinze dias tive vários professores, cada qual com sua abordagem, franceses e brasileiros, alguns recém-chegados e outros há uma vida por aqui. As aulas foram ótimas, o difícil foi encarar cada crítica: “Você não sabe utilizar o ‘vous'”, “Você pronuncia mal o ‘e'”, “esta expressão que você utilizou não existe”. É óbvio que eles não  falavam assim, mas era desse jeito que eu encarava cada correção. A parte boa desse nocaute foi que eu comecei a entender que o exame talvez não tenha sido tão rigoroso: eu é que não me dava conta da quantidade de erros que cometia. Ouvi ao final de todas as aulas que, apesar dos vários erros, tudo o que eu dizia era compreensível e que eu atingia o objetivo de me comunicar, de me fazer compreender, que eu tinha um bom nível de francês, mas tomar consciência de que existem falhas  é doído.

A brincadeira começou a melhorar a partir da segunda semana. Eu comecei a ficar mais à vontade, descobrir que posso falar mais pausadamente, que DEVO me corrigir quando me dou conta de que falei uma besteira. E aprendi que pronunciava determinadas palavras de forma errada, mas adquiri o hábito de dizê-las corretamente. Aboli o verbo ‘parler’ do meu discurso indireto (les français disent, ils ne parlent pas), relembrei que o plural existe mesmo quando não pronunciamos o “s” do sujeito. Ainda me confundo com ‘Tu’ e ‘Vous’, mas passei a dominar o ‘On’. Et je ne dis plus tout ce qui me vient à l’esprit (pas à la tête) sans y réfléchir. Descobrir que meu sotaque de paulista transforma ‘e’ em ‘i’ em todas as oportunidades possíveis, e que é muito mais difícil pronunciar o ‘e’ de ‘je’ se ele aparece no meio de uma palavra. Continuo falando muita besteira: a diferença, é que me dou conta disso tout de suite.

A prova fatídica acontece amanhã. Eu não sei como vou me sair. Pode ser que me dê branco, pode ser que me dê um ataque de nervos. Nada disso seria novidade. Mas estou terminado esta nova retomada da língua feliz, torcendo muito por bons resultados.